Por José António Saraiva Lídia Jorge dizia há quinze dias, em entrevista ao SOL, que no tempo da sua infância “havia a ideia que a mulher tinha que ser como a galinha, útil em tudo” . E revelava que, ainda em criança, a mãe, a avó e a tia lhe pediam para ler alto romances portugueses, enquanto elas “ficavam a bordar, a costurar, a fazer cestos…” Tenho muita estima por Lídia Jorge. Uma estima que herdei do meu pai, que me falava dela com muito entusiasmo depois de ler o seu livro O Cais das Merendas. O meu pai não era uma pessoa de elogio fácil, pelo que, quando se entusiasmava com alguma coisa em matéria literária, o elogio era para ser levado a sério. Ao longo dos anos, o meu pai foi-me falando de escritores e de livros que estava a ler ou que o tinham marcado. Além de Lídia Jorge, referia com frequência Agustina Bessa-Luís, por cuja escrita se apaixonou após ler A Sibila. De Nuno Bragança, ofereceu-me um dia A Noite e o Riso. Gostava pessoalmente de J