O homem é coisa de seu Salvador




Quando o tecido sai da fábrica vai para os atacadistas em grandes rolos.

Que aplicação terá todo aquele pano? Servirá para o terno de um
magnata? Para o vestido de uma arrumadeira? Para a farda de um militar?
Quem sabe que os retalhos não irão para um orfanato? Haverá até pedaços
que sirvam para pano de pó...

Entra na loja um senhor e compra cinco metros de casimira. Vai ao
alfaiate. Daí a alguns meses está o nosso homem de terno novo... Agora,
daqueles cinco metros não se pode mais dizer o que se dizia do tecido,
ainda nas prateleiras do atacadista. Aqueles cinco metros são um terno.

Não é mais possível fazer deles o que bem se entenda. Estão em um
sistema: foram cortados de acordo com um molde, têm um feitio. Quem é
que irá usar o paletó para assoar o nariz ou a calça para lustrar um
sapato? Se às vezes estas coisas acontecem, logo a gente diz que o
homem não tem educação ou está maluco.

Por que não nos lembramos disto na vida espiritual?

O homem não pode fazer de si o que bem entende. O homem foi criado e
remido. O homem é coisa de seu Salvador. É membro de Jesus Cristo. O
homem tem molde e feitio. Há normas para toda vida. Há uma pauta que é
preciso seguir...

Mas quantos homens se reduzem a um pano de pó! A
um pano de lustrar! A um pano de assoar! A um pano de concupiscências!
Ao arbítrio do "eu" que se desliga do sistema sobrenatural, do mundo da
graça, e, isolado, gira como um peru em torno do risco circular de
carvão... e pensa que assim é independente!...

(Pe. Roberto Saboia de Medeiros, S.J.)

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