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Os cem anos da primeira aparição de Fátima na visão de uma leiga



Eram
18:40 do dia 12 de julho de 2013 quando o ônibus da Europamundo chegou a
Fátima. Após tantos dias incríveis, os melhores que já vivi no país que
sempre sonhei conhecer, fazíamos uma parada entre as inúmeras belezas
do Algarve, de Sintra e Lisboa, para seguir a Porto, Braga e Santiago de
Compostela. No mesmo dia, poucas horas antes, paramos no Convento de
Tomar. Eu estava impressionadíssima com tantas maravilhas da
arquitetura, mas ainda me preocupava em comprar souvenires para os
católicos da família – sobretudo o saudoso Tio Chiquinho.





Fingindo serenidade a 30 metros de altura no Convento de Tomar.


Entrei
em uma das várias lojinhas ao redor do santuário e conversei com uma
senhora, que me ensinou uma receita de bacalhau ao modo popular
lusitano. E comprei a vela com o copinho coletor de cera para a
procissão que começaria em algumas horas. Fui ao hotel tomar banho,
coloquei um vestido longo branco com estampas floridas e separei um xale
português (comprei nada menos que 25 deles) também branco com flores. O
hotel ficava a 50 metros do pátio em frente à catedral.


Santuário de Nossa Senhora de Fátima 
Fátima
é um lugar terrivelmente quente e abafado, mas ao escurecer a
temperatura se torna amena. Segui à procura de um isqueiro na multidão,
quando um desconhecido que carregava uma vela já acesa, acendeu a minha.
Ele disse que era o correto, que cada fiel compartilhasse a luz com os
demais. Então seguimos andando à espera da imagem. Rezamos a Ave Maria
diversas vezes, em 5 idiomas. Vi freiras africanas, com hábitos feitos
com tecidos coloridos, dentre tantos outros religiosos. Chegavam alemães
e dinamarqueses e gente de todos os países e eu, que estava sozinha num
país desconhecido, comecei a não mais me sentir só.

Santuário de Nossa Senhora de Fátima 
Então
a imagem saiu da capela cercada de rosas brancas. E cada vez que
cantavam “Ave, Ave, Maria”, todos levantavam as velas. Naquela noite
escura, pareciam estrelas (os copos coletores são de plástico
transparente, de diversas cores). Vi mais e mais gente chegando. Alguns,
sem pernas, se arrastavam entre a cruz e a imagem ao fundo, e outros
iam ajoelhados. Arrogante, eu via a cena e pensava: “Jesus e Maria são
tudo o que essa gente tem”, até que olhando para a cruz, veio-me a
bomba: “você É essa gente”. Chorei (até hoje choro ao relatar isso) e
agradeci muito a Deus por enviar Jesus e Maria para nos consolar, apesar
dos nossos pecados. Sou uma leiga de fé capenga, mas naquele dia, tive o
insight mais claro da minha vida. Nunca estudei uma linha de teologia,
os rituais litúrgicos não fazem o menor sentido para mim, mas durante
alguns minutos entendi tudo. E chorava aos soluços, agradecendo a Deus
pelo amor que jamais mereci e sempre recebi.
Agora
se completam 100 anos da primeira aparição em Fátima. E, muito mais do
que os segredos e as polêmicas em torno das revelações, posso dizer com
franqueza que foi naquele lugar sagrado que compreendi o essencial: o
amor de Deus também era para mim.


Muro de Berlim - Nossa Senhora de Fátima - João Paulo II em Fátima

E por todos os que anseiam por justiça e liberdade.



fonte:  Senso Incomum

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