guerra contra os cristãos não é notícia
Iraque: especialistas denunciam um “genocídio sistemático” em meio ao silêncio midiático
ROMA, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) -
"Cada dia, sete pessoas de cada dez no mundo, têm sua liberdade religiosa violada. E de cada cem mortos por motivos relacionados a seu credo, cinquenta são cristãos".
Quem revela esses dados é Giuseppe Dalla Torre, reitor da LUMSA (Libera Università Maria Santissima Assunta), o centro acadêmico que organizou, no último mês de novembro, a mesa redonda "Guerra aos cristãos. Testemunhos de uma tragédia do século XXI".
O título da mesa redonda remete ao livro de Mario Mauro, membro do parlamento europeu e representante pessoal da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo e a perseguição aos cristãos, que também interveio no encontro para narrar a tragédia das perseguições que os fiéis cristãos sofrem todos os dias em um dos lugares mais martirizados da terra.
"Hoje é fácil perder a vida se se crê em Jesus e, entretanto, a liberdade religiosa em geral, como diria João Paulo II, é o ‘papel decisivo' que indica a existência das outras liberdades porque - explica Mauro - põe a descoberto a visão que tem o poder da pessoa humana e sua dimensão espiritual."
Quem professa uma fé é portador de uma força interior que ninguém pode subtrair-lhe. E, por isso, aceita com dificuldade as limitações impostas ao próprio credo pelas esferas políticas. "Deus nasce, o poder treme", escrevia o filósofo polonês Józef Tischner.
É assim para milhares de cristãos que, humilhados e perseguidos, deixam o país em que nasceram. Fogem ao norte do Iraque ou se refugiam nos países vizinhos, principalmente naJordânia.
O motivo que torna os cristãos perigosos aos olhos dos extremistas muçulmanos é sua peculiar capacidade de compreender a realidade. Além disso, "os cristãos são uma força integradora - esclareceu o Pe. Bernardo Cervellera, diretor da agência informativa Asianews -, mediadores entre os diversos grupos étnicos. Graças a eles, mantém-se viva a esperança de uma convivência pacífica. Esta é, para os muçulmanos, a última oportunidade para abrir-se à modernidade".
O reitor da LUMSA mostrou sua convicção de que o silêncio parece encobrir esta tragédia, em primeiro lugar, humana. Mauro centrou suas acusações às autoridades europeias, especialmente ao Parlamento: "Demoraram nada menos que 10 anos para aprovar um mecanismo de proteção aos cristãos do Iraque". E denunciou que não existe um pronunciamento da ONU a respeito.
A resolução europeia referida pelo parlamentar foi votada dia 25 de novembro passado e condicionada à concessão de ajudas ao respeito das distintas liberdades, entre elas a de culto.
E, para não esquecer dos 60 iraquianos assassinados no dia 31 de outubro passado, na catedral siro-católica de Bagdá, dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, as embaixadas iraquianas ante a Itália e a Santa Sé realizaram uma celebração no passado 9 de dezembro.
Um dos últimos episódios que provocou mais sofrimento às comunidades católicas presentes no Iraque foi a condenação à morte de um dos ministros de Saddam Hussein, o católico caldeu Tarek Aziz.
A execução da sentença poderia ser outro motivo de violência entre os seguidores dos diversos credos do país. Aziz foi um defensor de seus correligionários e um mediador incansável ante a Santa Sé e diversos países para chegar a um diálogo de paz no Iraque.
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