Facebook, Wikipedia e YouTube: experiência partilhada no Vaticano
Facebook, Wikipedia e YouTube: experiência partilhada no Vaticano
Encontro com representantes do episcopado europeu
O plenário da Antiga Sala do Sínodo dos Bispos, que fora alugada por milhões de euros aos produtores de “Anjos e Demônios”, foi testemunha de duas visões da realidade: por um lado, uma instituição, a Igreja, fundamentada há dois mil anos no anúncio da Verdade; por outro, expoentes de iniciativas empresariais de êxito, surgidas há poucos anos, baseadas em dar a possibilidade a todos de expor “sua” verdade.
A reunião começou com uma sondagem entre os bispos e representantes da Comissão Episcopal Europeia para os Meios de Comunicação, que convocou o encontro, a se concluir no domingo.
O moderador, Jim Mcdonnell, da associação católica de comunicação “Signis” Europa, perguntou aos bispos e sacerdotes e alguns leigos especialistas em comunicação, cerca de cem pessoas no total, quantos tinham perfil no Facebook. Cerca de 25 pessoas levantaram a mão.
97% sabiam o que era Wikipedia e cerca de 10% colaboraram na edição de algum tema. Quase todos entraram para ver vídeos no YouTubr e cerca de 15% lançaram um vídeo na plataforma. Aproximadamente 10% dos presentes utilizaram ou acompanham o Twitter.
A reunião começou com a apresentação das “estrelas” da internet. Christophe Muller, diretor de alianças do YouTube na Europa do Sul, Leste, Oeste, Oriente Médio e África, ilustrou aos presentes a filosofia que deu origem e vida ao Google, a empresa proprietária do site de vídeos.
Em particular, louvou a decisão com a que a Santa Sé desembarcou no YouTube (http://www.youtube.com/vatican) e de fato apresentou um vídeo promocional de sua empresa em que se mostram como os grandes do mundo, desde Barack Obama até a rainha da Inglaterra utilizam esta plataforma. Entre eles, Bento XVI.
Delphine Ménard, tesoureira de Wikimedia, França, explicou como a enciclopédia colaborativa Wikipedia tem como critério assegurar que todos os pontos de vista possam estar representados.
Por sua parte, Christian Hernandez, responsável de desenvolvimento comercial de Facebook, a rede social com 300 milhões de usuários registrados, mostrou como surgiram iniciativas no mundo católico que vão desde o perfil do Santuário de Lourdes até "Jesus Daily", um perfil que oferece uma frase diária do Evangelho, com mais de um milhão de admiradores.
Entre estas iniciativas, apresentou também o perfil de Bento XVI. O que não disse é que este perfil foi criado por um desconhecido que tomou indevidamente a identidade do Papa.
Em uma conversa posterior com ZENIT, o mesmo Hernandez reconheceu que no Vaticano lhe colocaram esta sexta-feira a questão. Esclareceu que Facebook bloqueou o perfil “Vaticano” para que a Santa Sé possa utilizá-lo como instituição, quando quiser. Para o perfil falso de Bento XVI, no entanto, no pôde ainda oferecer uma solução.
Deste modo, ao passar à sessão de perguntas e respostas, pôde-se constatar uma clara dificuldade de compreensão. Por um lado, os prelados reconheceram os limites da Igreja Católica, que na internet busca dialogar, mas cujas páginas são planas. Cerca de 70% dos sites católicos institucionais não introduziram elementos interativos de web 2.0.
Por outro lado, os bispos, diferentemente do que esperavam, não se encontraram com especialistas em comunicação, mas com representantes de empresas com um modelo de negócios muito específico, que constitui seu interesse primário, deixando de lado considerações humanísticas que não formam parte de seu critério.
“Pode-se falar ainda de verdade nas redes sociais que se baseiam no fato de que cada usuário tem sua verdade?”. Esta foi a pergunta que um dos grupos de trabalho da Comissão Episcopal Europeia para os Meios de Comunicação apresentou aos representantes das empresas.
Os representantes concordaram ao afirmar que o “poder” agora passa aos usuários, são eles que “controlam” os meios e poderão buscar mais eficazmente a verdade se souberem utilizá-los.
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