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Primeira congregação feminina fundada nos EUA será extinta, após 200 anos, por falta de vocações

SANTA ELIZABETH ANN SETTON
Nheyob CC -Santa Elizabeth Ann Setton

 

 J-P Mauro - publicado em 16/05/23

As Irmãs da Caridade com sede em Nova Iorque, fundadas pela primeira santa nascida nos EUA, não receberam nenhuma nova aspirante nos últimos 20 anos

Depois de mais de 200 anos exercendo o seu ministério em Nova Iorque, as Irmãs da Caridade anunciaram, com pesar, que a congregação está chegando ao fim. A comunidade religiosa fundada por Santa Elizabeth Ann Seton, a primeira mulher nascida em solo norte-americano a ser canonizada pela Igreja, não aceitará mais novas candidatas à comunidade e confirma que está no “caminho da conclusão”.

O principal fator por trás desta impactante decisão é a falta de novas candidatas à congregação. Se na década de 1960 as irmãs contavam com mais de 1.300 religiosas, o total desabou para apenas 154, com a média de idade em torno de 85 anos. Além disso, as irmãs não receberam nenhuma nova aspirante nos últimos 20 anos.

Em entrevista à Associated Press, a irmã Margaret Egan explicou que a decisão pelo “caminho da conclusão” foi tomada após muita oração e contemplação. Ela relembrou o silêncio emocionado que tomou conta da sala de reuniões depois que as religiosas diretoras chegaram a essa determinação, sentadas diante de uma lista que registrava os nomes de todas as Irmãs de Caridade que já compuseram a comunidade ao longo de toda a sua história bicentenária.

“Nós levantamos aquele livro e dissemos: ‘Elas estão aqui conosco’. É o reconhecimento de que todas nós fizemos o que Deus nos pediu para fazer”, disse a irmã Margaret Egan, sentada na mesma sala de reunião, dias após o anúncio.

Fundadas em 1809 por Santa Elizabeth Ann Seton, as Irmãs da Caridade foram a primeira congregação religiosa feminina a ser fundada nos Estados Unidos. As irmãs viram suas fileiras crescerem ao longo do século XIX, o que lhes permitiu abrir escolas e hospitais, consolidando a sua missão como educadoras e cuidadoras.

Por volta de 1846, a comunidade de Nova Iorque se tornou independente. As Irmãs de Caridade também expandiram a sua missão mediante comunidades nas Bahamas e na Guatemala.

Embora a extinção da comunidade religiosa deixe uma grave lacuna em toda a região de Nova Iorque, as irmãs se manifestaram satisfeitas com o trabalho realizado até aqui. Reconheceram-se como comunidade ativa durante um período de muitas “mudanças sociais”, principalmente após o Concílio Vaticano II. A época marcou, por exemplo, a troca do hábito religioso pelo uso de roupas civis.

A irmã Margaret observou, nas declarações à AP:

“Quando algo assim acontece, você pensa: ‘O que fizemos de errado?’. Tenho certeza de que muitas vezes questionamos todas as mudanças que fizemos nos anos 70 – o hábito, a saída das escolas, o início de vários outros ministérios (…) Mas quando você para e pensa, reconhece que cada pessoa que adotou qualquer uma dessas mudanças o fez na fé, tentando ler os sinais dos tempos e realizar o que foi chamada a realizar. E isso não pode estar errado”.

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