O que realmente significa o apoio e a bênção à exposição da imagem de Nossa Senhora no Carnaval?
As muitas manifestações ocorridas em torno da polêmica ocasionada
pelo apoio de autoridades católicas à exposição da imagem de Nossa
Senhora na festa do carnaval deve-nos fazer dar conta da grande confusão
e profunda desorientação em que se encontra o nosso povo. O avançado
processo de deterioração da sociedade, resulta sobretudo, do avançado
processo de deterioração do clero católico. Embora a Igreja possua uma
doutrina clara e princípios sólidos que devem nortear a conduta moral de
seus fiéis, desde há muito, esta clareza e a solidez destes princípios
vêm sendo omitidos, negados e combatidos de forma sistemática dentro da
própria Igreja. Os fiéis estão confusos e desorientados. Perdeu-se a
consciência da universalidade e perene validade dos princípios morais,
dos mandamentos de Deus e da lei objetiva que devem orientar a conduta
dos cristãos. Têm-se a impressão que a doutrina católica muda de
paróquia para paróquia, de diocese para diocese, à depender do padre ou
bispo que esteja à frente.
São poucos os pastores de almas que assentam a sua pregação na
solidez da Palavra de Deus, do Magistério e da Tradição, aplicando os
princípios perenes para orientar os fiéis nas questões práticas do dia a
dia. Embora nos tenha advertido fortemente Bento XVI, a ditadura do
relativismo vai se impondo de maneira inexorável e atordoante. O
despreparo, a omissão, a covardia, bem como a infiltração herética e
revolucionária dentro do clero católico, é sem dúvida, o principal fator
da marcha deste relativismo que avança dentro da Igreja e da sociedade.
Primeiro se combatia a Igreja, depois, de maneira orquestrada,
passou-se a contestar a doutrina e os princípios cristãos no meio
intelectual, desde fora pelos não católicos, e desde dentro pelos
infiltrados ou por aqueles que iam se convencendo da validade das novas
ideias, sem contar um grande número daqueles que, por causa da
mediocrização da formação e afastamento da sã doutrina, sequer eram (e
são) capazes de perceber o problema. Colocadas as bases teóricas para se
estabelecer a confusão, passou-se à aplicação prática da heterodoxia
que agora, em um mundo relativizado, poderia ser apresentada como uma
interpretação da “verdade”, pior ainda, como uma necessária e “legítima”
forma de apresentar a doutrina para o mundo atual. É neste último
estágio, que se insere a ação de muitas autoridades da Igreja hoje,
incluindo os lamentáveis episódios das bênçãos a sambódromos e à
autorização do uso da imagem de Nossa Senhora na festa do carnaval. Ao
autorizarem e abençoarem o uso da imagem de Nossa Senhora, em meio à
podridão moral que significa o carnaval, as autoridades religiosas estão
acenando ao povo que o carnaval é algo bom e a presença dos cristãos é
algo desejável. Deste modo, se quebra a resistência de muitos que
apegando-se à Palavra de Deus, à pregação dos santos, e às muitas
mensagens de Jesus e Maria, condenavam as práticas promovidas por tal
evento.
A Palavra de Deus condena veementemente as orgias, bebedeiras,
impurezas, promiscuidades, adultérios, roubos, devassidão e tantas
outras práticas promovidas pelo carnaval. Desde que se tem registros
destas festas na era cristã, todos os santos, pastores e missionários,
pregaram contra tal evento, por significarem evidente meio de perdição e
condenação. São Vicente Ferrer chamava o carnaval de tempo
infelicíssimo em que muitos cristãos corriam apressuradamente para a
condenação. Com razão, São João de Foligno chamava o carnaval de
colheita do diabo. À Santa Margarida Maria Alacoque, Jesus lamentava
profundamente a enormidade e quantidade dos pecados cometidos nesta
festa mundana. São João Maria Vianey, o Cura D’Ars, dizia que, não há um
só mandamento que os bailes não transgridam, e que os mesmos são
caminhos certos para o Inferno. Em 1940, Jesus pediu à Lúcia de Fátima
que transmitisse ao Cardeal Patriarca de Lisboa, seu desejo de que
fossem abolidas as festas profanas do carnaval, e fossem substituídas
por orações e sacrifícios com preces públicas, isto como forma de
reparação e súplica por Portugal e demais nações. No final da década de
80 (1989), o então Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Sales, impediu
a exposição da imagem do Cristo Redentor pelo carnavalesco Joãozinho
Trinta da Escola de Samba Beija Flor, por compreender que tal exposição
seria uma profanação e levaria à confusão entre os fiéis que poderiam
pensar que a Igreja aprova este evento pernicioso. Em nossos dias, quase
80 anos após o pedido de Jesus à vidente de Fátima para que se abolisse
o carnaval, e quase 30 anos após de o grande Cardeal Dom Eugênio Sales
ter impedido a profanação da imagem do Cristo Redentor, o Cardeal de São
Paulo juntamente com uma Comissão de Bispos aprovam por unanimidade a
exposição da imagem de Nossa Senhora no carnaval de São Paulo por parte
de uma escola de samba. Devemos nos perguntar: O que faz estes senhores
bispos pensarem que sua atitude foi boa? Só haveriam duas possibilidades
da atitude destas autoridades ser boa: Ou de 80 anos para cá o carnaval
tornou-se uma festa santa, familiar e promotora da virtude ou Jesus
mudou de ideia e os princípios da moral cristã perderam sua validade…
Se descartarmos firmemente as duas teses esdrúxulas, temos que
forçosamente concluir que a atitude dos bispos e padres que autorizaram,
abençoaram ou apoiaram tal apresentação da sagrada imagem de Nossa
Senhora em meio a promiscuidade do carnaval, está profundamente
equivocada e têm levado à confusão, à tristeza, à indignação e à
perplexidade inúmeros fiéis. Longe de nós querermos julgar a intenção
dos corações de nossos pastores, entretanto é nosso dever expor o erro, o
grave erro dos mesmos e as consequências desastrosas para a vida da
Igreja e dos fiéis, pois o que está em questão é a Palavra de Deus e a
salvação de muitas almas. A partir do momento em que bispos e padres
(famosos ou não) aprovam, abençoam e apoiam uma festa como o carnaval,
estão se colocando na contramão da Palavra de Deus, dos princípios
cristãos, das pregações dos santos e das muitas mensagens de Jesus e
Maria. Ainda que não seja a intenção dos mesmos, acabam por relativizar a
mensagem do Evangelho e contribuem para remover o pouco que ainda resta
dos princípios da moral cristã que orienta os que ainda possuem a
ventura de crer. O povo em geral não estuda princípios morais ou éticos,
mas para quem mal lê ou escuta o Evangelho, as palavras e atitudes de
seus pastores acabam por ser critérios para muitos se orientarem. Ao
“abençoar” um sambódromo ou aprovar a exibição da imagem de Nossa
Senhora no carnaval, a maior parte das pessoas entenderão que se trata
de uma festa boa e que o que ali acontece não é algo de tão execrável
assim. Se existe a bênção e o apoio de bispos e padres a uma festa onde
se promove a nudez, a pornografia, a promiscuidade, o adultério, a
bebedeira, as drogas, que ocasionam violência e inúmeros abortos e
outros tantos males, ficará difícil condenar estes mesmos vícios e males
que tanto mal fazem ao nosso povo, às famílias e à sociedade em geral.
O carnaval não é apenas um meio “privilegiado” e eficiente que o
diabo usa para aprisionar as pessoas no vício e conduzi-las ao Inferno; É
também um grande desastre social na medida em que introduz muitíssimas
pessoas nos vícios do alcoolismo e das drogas, o que por sua vez gerará
muitos assassínios e roubos, lança muitíssimos outros na estatística dos
positivados em HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (pois ao
contrário da propaganda oficial, os preservativos não seguram muita
coisa), provoca inúmeros abortos como consequência da promiscuidade,
introduz muitos jovens no mundo do tráfico e da prostituição, etc, etc,
etc…
Quanto custará ao Estado a recuperação de cada viciado? O tratamento
de cada um dos contaminados pelo HIV e outras DST’s? A manutenção dos
que foram presos? O cuidado das que provocam aborto? Isto sem contar
toda sujeira e poluição que os foliões deixam para trás. Chega a ser
patético o esforço que muitas autoridades da Igreja tem feito para
justificar o seu apoio e bênção à apresentação da imagem de Nossa
Senhora na festa profana do carnaval. Para justificar o injustificável,
evocam a presença de Jesus entre prostitutas e pecadores, esquecendo-se
do fato de que a presença de Jesus em meio aos pecadores jamais foi com o
objetivo de aprovar ou abençoar seus vícios, mas sim de chamá-los à
conversão. As autoridades da Igreja envolvidas no atual episódio,
perderam singular ocasião de à exemplo do grande Cardeal Eugênio Sales,
reafirmar a solidez dos princípios cristãos, a perenidade dos
mandamentos de Cristo, a perversidade de festas como o carnaval e sua
clara incompatibilidade com a reta conduta cristã, bem como a
reafirmação do respeito que se deve ter ao sagrado símbolo de nossa fé. O
relativismo doutrinal e moral, o politicamente correto, o respeito
humano e a covardia têm feito naufragar na fé muitas autoridades da
Igreja, e desgraçadamente muitas ovelhas que destes dependem. Não foi em
vão que no início da década de 60, Nossa Senhora disse em Garabandal:
“Muitos Cardeais, bispos e padres estão a caminho do inferno e a levar
muitas almas consigo.” Ao discordar e se opor à atitude de nossos
pastores, não se tem a intenção de faltar o respeito às autoridades
estabelecidas, mas sim de mostrar o fato de que estas mesmas autoridades
são falhas e que em muitas ocasiões (por diferentes razões), estão em
contradição com o Evangelho e com a Tradição da Igreja. Muitos
classificam como ousado ou desrespeitoso o fato de nos opormos a uma
autoridade, mas não vêem nenhum problema em estas mesmas autoridades
atropelarem a Palavra de Deus e os princípios cristãos, expondo ou
induzindo ao erro muitíssimos fiéis.
Resguardando o devido respeito e caridade, é preciso chamar as coisas
pelo nome e orientar o povo na verdade do Evangelho sempre ensinada
pela Igreja, pois disto dependerá a salvação de cada um. A palavra de
Deus diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das
trevas luz e da luz trevas.” (Isaias 5,20)… Pois “o meu povo se perde
por falta de conhecimento.” (Oséias 4,6). Nestes tempos de apostasia em
que a caridade se esfriou, muitos pastores de almas mesmo conhecendo a
verdade têm medo de expô-la ao povo. Zelosos com o próprio bem estar,
estão mais preocupados em preservar o seu sossego e conservar a sua pele
do que salvar as suas ovelhas. Como dizia o benemérito e já citado
Cardeal Eugênio Sales: “O que falta na Igreja são calças… E também o
conteúdo das mesmas.” Que Jesus mesmo vos dê a graça de conhecermos e
vivermos a verdade é dê à sua Igreja, pastores zelosos que não tenham
medo de dar a vida por suas ovelhas e conduzí-las ao caminho estreito da
salvação.
Pe Rodrigo Maria
escravo inútil da Santíssima Virgem.
O QUE REALMENTE SIGNIFICA O APOIO E A BÊNÇÃO À EXPOSIÇÃO DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA NO CARNAVAL? – Nossa Senhora das Graças em Cimbres
Comentários