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NOSSA SENHORA DO Ó


Dom Fernando Arêas Rifan*


Ontem começamos a Novena de preparação para o Santo Natal. Nas Vésperas
dos dias que antecedem a grande festa natalina, cantam-se as belíssimas
antífonas latinas que começam com a exclamação de desejo “Ó!”: Ó
Sabedoria, Ó Adonai, Ó Raiz de Jessé, Ó Chave de Davi, Ó Oriente, Ó Rei
das Nações, Ó Emanuel,
palavras das antigas profecias bíblicas,
referentes ao Salvador cujo nascimento celebraremos no Natal.

O
modelo para nós de expectativa do Messias é a sua Mãe, Maria Santíssima.
Por causa dessas antífonas da expectação, o povo deu a ela o título de
Nossa Senhora do Ó. É uma devoção muito antiga, surgida na Espanha e em
Portugal. Aqui no Brasil, em São Paulo, temos a “Freguesia (paróquia) do
Ó”, bairro, onde se encontra a Igreja Matriz de Nossa Senhora da
Expectação do Ó, cuja construção começou em 1610.

A
devoção a Nossa Senhora é inata no povo católico. Enquanto os teólogos,
durante séculos, discutiam a base teológica da Imaculada Conceição da
Virgem Maria – o dogma de fé só foi proclamado por Pio IX no dia 8 de
dezembro de 1864 -, o povo católico já a cultuava por toda a parte.
Desde os primeiros séculos, os cristãos já honravam essa prerrogativa de
Maria. No século VIII, o culto foi autorizado nas igrejas. A partir do
século XII, espalhou-se a celebração dessa festa. Clemente XI, em 1708, a
elevou a festa de preceito. A imagem de Nossa Senhora da Conceição da
Praia, na Basílica do mesmo nome em Salvador BA, foi trazida por Tomé de
Souza e a primeira capela em seu louvor, foi construída a mando do
então governador.

Celebramos dia 12 Nossa Senhora de Guadalupe,
padroeira da América Latina. Sob diversos nomes, Maria Santíssima é
patrona de muitos países do Novo Mundo, e sua devoção está no coração de
todos. O Documento de Aparecida exalta “o papel tão nobre e orientador
que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana,
que contribuiu para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição
de filhos de Deus” (37). Mas, reconhece que “no entanto, devemos
admitir que essa preciosa tradição começa a diluir-se... Nossas
tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra...”
(39). “Observamos que o crescimento percentual da Igreja não segue o
mesmo ritmo que o crescimento populacional... Verificamos, deste modo,
uma mentalidade relativista no ético e no religioso.... Nas últimas
décadas vemos com preocupação, que numerosas pessoas perdem o sentido
transcendental de suas vidas e abandonam as práticas religiosas...”.
“Tal como manifestou o Santo Padre no Discurso Inaugural de nossa
Conferência: ‘Percebe-se certo enfraquecimento da vida cristã no
conjunto da sociedade e da própria pertença à Igreja Católica’.” (100).


Rezemos mais, pois estamos em “um novo período da história,
caracterizado pela desordem generalizada..., pela difusão de uma cultura
distante e hostil à tradição cristã e pela emergência de variadas
ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, muitas vezes
errônea, à sede de Deus que nossos povos manifestam” (DocAp 10). 






*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney


fonte:

NOSSA SENHORA DO Ó... - Dom Fernando Rifan

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