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O rito da paz na santa missa

O padre Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual, responde a pergunta de leitor britânico
Por Pe. Edward McNamara, L.C.
ROMA, 12 de Abril de 2013 (Zenit.org)


 “Quando o sacerdote ou o diácono convida a assembleia a intercambiar o sinal da paz, pretende-se que a saudação seja feita entre as próprias pessoas, mais do que entre o padre e o povo? Eu ouvi dizer que o povo pode sempre se dar a saudação da paz, mesmo sem o convite do sacerdote ou do diácono” (GD, Thornley, Inglaterra).

Oferecemos a seguinte resposta do pe. McNamara:

O Ordenamento Geral do Missal Romano trata em diversas passagens do rito da paz. Descrevendo a estrutura geral da missa, ele diz no número 82:

  • "82. Segue-se o rito da paz, com que a Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana, e os fieis expressam a comunhão eclesial e o amor mútuo antes de comungar sacramentalmente. Cabe às conferências episcopais estabelecer a maneira de realizar este gesto de paz, de acordo com a índole e os costumes dos povos. Convém, no entanto, que cada um dê o sinal da paz apenas àqueles que lhe estão mais próximos, de forma sóbria".
Mais adiante, quando descreve as várias formas de celebração da missa, o texto acrescenta detalhes. Na descrição da missa sem diácono, o número 154 afirma:
  • "154. O sacerdote, de mãos estendidas, diz em voz alta a oração ‘Senhor Jesus Cristo’; terminada a oração, estendendo e depois juntando as mãos, anuncia a paz dizendo ao povo: ‘A paz do Senhor esteja sempre convosco’. Após o povo responder devidamente, o sacerdote pode acrescentar conforme o caso: ‘Saudai-vos em Cristo Jesus’.
O sacerdote pode dar a paz aos ministros, permanecendo sempre dentro do presbitério de modo a não perturbar a celebração. Deve fazer o mesmo se, por algum motivo, desejar dar a paz a alguns fiéis.

Todos, no entanto, de acordo com o estabelecido pela conferência episcopal, expressam mutuamente paz, comunhão e caridade. Quando se dá a paz, pode-se dizer: ‘A paz de Cristo’ ou ‘A paz do Senhor esteja sempre contigo’, e se responde: ‘Amém’".

Depois, na descrição da missa com diácono, o número 181 explica:
  • "181. Depois que o sacerdote fez a oração pela paz e a saudação ‘A paz do Senhor esteja sempre convosco’, com a correspondente resposta do povo, o diácono pode, conforme o caso, convidar a todos a intercambiar a paz. Ele recebe a paz do sacerdote e pode oferecê-la aos outros ministros mais próximos".
Finalmente, o número 239, que trata da missa concelebrada, diz:
  • "239. Após o convite do diácono ou, na ausência deste, de um dos concelebrantes para o intercâmbio da paz, todos o fazem. Os mais próximos do celebrante principal recebem dele a paz antes do diácono".
A instrução Redemptionis Sacramentum também aborda o tema. No número 71, lemos:

"Conforme uso do Rito Romano, mantenha-se a saudação da paz antes da comunhão, como indicado no Rito da Missa. Segundo a tradição do Rito Romano, esta prática não tem conotação nem de reconciliação nem de remissão dos pecados, mas sim a função de manifestar a paz, a comunhão e a caridade antes do recebimento da Sagrada Eucaristia. O ato penitencial, a executar-se no início da missa, especialmente na sua forma primeira, é que tem o caráter de reconciliação entre os irmãos".

Na exortação apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, o papa emérito Bento XVI dedicou uma reflexão ao sinal da paz. No número 49, ele explica:
  •  "49. A Eucaristia é o sacramento da paz por natureza. Esta dimensão do mistério eucarístico encontra expressão específica no intercâmbio da paz. É, sem dúvida, um sinal de grande valor (cf. Jo 14,27). Em nosso tempo, cheio de medos e conflitos, este gesto ganha particular importância por mostrar que a Igreja sente mais e mais a responsabilidade de implorar de Deus o dom da paz e da unidade para si e para toda a família humana. A paz é, certamente, um anseio irreprimível presente no coração de cada um. A Igreja dá voz à demanda de paz e de reconciliação que brota de cada pessoa de boa vontade, dirigindo-a para aquele que ‘é a nossa paz’ (Ef 2,14) e que pode trazer a paz para os indivíduos e os povos, mesmo quando todos os esforços humanos fracassam".
Depois do sínodo houve um debate e uma ampla consulta sobre a possibilidade de mudar o intercâmbio da paz para outro momento. O resultado não foi conclusivo, mas a tendência geral é de mantê-lo antes da comunhão.

Se, por algum motivo, o celebrante decide omitir o convite, os fiéis não são obrigados a trocar o sinal de paz entre si.

A Redemptionis Sacramentum destaca outro motivo. A paz desejada é a paz do Senhor que vem do sacrifício do altar. O desejo de paz sem um convite vindo do altar altera o valor simbólico do rito e poderia reduzi-lo a mera benevolência humana.

Pastoralmente falando, é preferível manter uma certa estabilidade no fazer ou omitir o convite ao intercâmbio da paz. Se um padre omite irregularmente o rito, descobrirá que os fiéis começam a dar as mãos mesmo assim, por simples força do hábito. Isso pode ser confuso.

Alguns sacerdotes saltam o rito nas missas feriais, os outros o fazem sempre. Não há um critério absoluto para todos os casos.

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