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Sobre a necessidade de lutar e de vigiar fazendo silêncio...

Rodrigo Lavor
 
A meados do século XX, diria o pai do personalismo, Emmanuel Mounier que faz-se necessário um novo espírito de luta no homem moderno. 
 
No seu relato histórico, ele constatava como o homem deixou de lutar pelo que quer conquistar a partir do momento em que começou a especular com os números, fazendo que o seu capital cresça o diminua de modo virtual. Se entronizou no ser humano o espírito burguês, acomodado, instalado e, isto, sustenta o autor: pisou a dignidade humana. Não lutar na vida vai em contra a mesma vida: desde o seio materno já lutamos para viver e sair do ventre é toda uma vitória da vida humana, a qual teve desde o momento da fecundação que passar por muitas etapas. Esta verdade também está presente no livro de Jó: "a vida é uma eterna milícia". 
 
Já o escritor e piloto de aviação francês, cujo avião foi abatido na 2a Guerra mundial, Antoine de Saint Exupèry, autor do Pequeno Príncipe e de muitos outros livros condena no seu texto "o velho burocrata", o qual emprega todos os seus esforços em tampar as saídas para a luz. E esta atitude impede que mais Mozarts venham a nascer... A pessoa instalada impede que os gênios que habitam dentro de si saiam ou nasçam em outros. Por outro lado, Exupèry fala na sua obra "Cidadela", talvez a mais difícil escrita por ele, dos "sentinelas" que vigiam quando a cidade dorme. Se eles pestanejam, a cidade é invadida. 
 
Pareceu-me muito bela a figura porque ela corresponde ao que eu escutei uma vez de um abade de um mosteiro beneditino na Colômbia: nós, os monges, vivemos o silêncio porque somos sentinelas do mundo. Enquanto este dorme no meio do seu barulho e caos, nós vigiamos com a nossa oração e estamos atentos para ajudar no que seja necessário". 
 
De fato, o Papa João Paulo II pedia aos jovens ser "sentinelas da nova alvorada". Conseguirão? Não sei... O que sei é que tem muito autor francês bem interessante e, antes que alguém diga que o meu pensamento é muito católico, começarei mencionando a dois ateus existencialistas: Sartre e Camus. Os outros são católicos mesmo: Gabriel Marcel, Jacques Maritain, León Bloy e muitos mais.... Também têm ortodoxos excelentes... Alguns dos personalistas falam sobre a rotina e dão luzes bem esperançadoras sobre o tema; outros sobre el significado da realidade "problema"... Também existem muitos pensadores espanhóis (católicos ou não), alemães (protestantes, ateus), dinamarquês (protestante) bem bom. Tem agnósticos americanos e ingleses também muito interessantes. 
 
É até interessante saber que o "Big Brother" que sai na Rede Globo, na verdade, saiu da literatura de um inglês chamado Georges Orwell, no seu livro e filme "1984", cuja personagem controladora do mundo se chamava o "grande irmão" e vigiava todo o planeta desde câmeras instaladas em todos os aposentos do mundo...Daí a ideia concretizada na Globo e nos BB's que existem pelo mundo afora..

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