As Congregações Marianas e o Ano da Fé
Eduardo L. Caridade
CM da Tijuca, Rio (RJ)
A partir da entrevista do padre geral dos jesuítas, Adolfo Nicolás,
que participou do Sínodo dos Bispos, sobre “A Nova Evangelização para a
transmissão da fé cristã”, encerrado em 28.out.2012 e confrontando as
colocações do Padre Geral com minha vivência nas Congregações Marianas
por quase quarenta anos e experimentando os desafios da realidade atual,
apresentamos algumas colocações que julgamos importante, para posterior
discussão em ambiente mais abrangente, onde poderemos, em conjunto, com
as diversas frentes que nos cercam, determinar caminhos a seguir neste
Ano da Fé.
O
Sínodo poderá despertar nas Congregações Marianas, em todo o Brasil, uma
mesmice, ou seja, continuar falando as mesmas coisas de sempre ou
seremos capazes de seguir em frente com coragem e criatividade?
O
Sínodo nos aponta caminhos positivos, inspiradores e encorajadores, mas
também nos indica campos em que a Congregação Mariana, ou as lideranças a
nível Nacional, Regional e Federativa, precisam ter a consciência que
há um caminho a percorrer. Vejamos:
a)
Nossa geografia, onde sabemos da existência de Congregações Marianas na
Amazônia, Maranhão, Rio Grande do Norte, nas grandes cidades, como Rio
de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e espalhadas em outras
capitais e cidades do território Nacional. Muitas vezes as realidades e
as necessidades de umas são confrontadas com outras, e não vemos troca
de experiências, apesar dos meios de comunicação existentes. Hoje a
Federação do Rio de Janeiro, toma a iniciativa de criação de algo maior,
a nível mundial, aproveitando a JMJ2013, que acontecerá no Rio de
Janeiro. Muitos já estão à frente, mas precisamos também ter um olhar
para dentro de nosso território, fazer com que do Prata ao Amazonas, do
Mar as Cordilheiras estejamos todos nos falando, assumindo compromissos,
buscando iniciativas, para estarmos coesos e preparados para ouvir o
que o Nordeste precisa, o que o Norte necessita, o que o Sudeste quer
iniciar e o que o Sul quer acrescentar. Precisamos nos comunicar, trocar
livremente experiências e pensamentos sobre qual o caminho que queremos
seguir.
b)
Pensar em iniciativas baseadas em projetos de cooperação, trabalho em
rede e de intercâmbio em nível internacional, onde precisamos estar
envolvidos a fundo e comprometidos.
c)
Podemos refletir sobre os fundamentos, o significado e as dimensões da
Nova Evangelização e aplicar às Congregações Marianas, naquilo que nos
possa ser úteis, bem como nos sentirmos Igreja, ou seja, colaboradores
da Obra do Reino. Podemos elencar alguns pontos:
- Importância e necessidade da experiência religiosa (o encontro com Cristo), segundo o modelo da Virgem Maria.
- Urgência de uma boa formação espiritual e intelectual de nossos membros.
- Papel central da família (Igreja Doméstica) como lugar privilegiado para o crescimento da fé e da devoção mariana, através da divulgação da oração do Terço em Família.
- As Congregações Marianas, precisam renovar em suas estruturas, se tornando cada vez mais abertas, valorizando seus membros, através de compromisso e incentivando os diversos ministérios.
- Priorizar a evangelização do congregado e no conhecimento do que são às Congregações Marianas.
d) A voz do Congregado Mariano, precisa ser ouvida. Podemos citar a afirmação de Steve Jobs
que dizia estar interessado em ouvir mais a voz dos clientes em vez da
dos produtores. Em nossas reuniões, nós somos os “produtores”.
e)
Falta de reflexão sobre os primórdios das Congregações Marianas e uma
falta de consideração sobre os erros que cometemos ao longo da história.
Esta omissão poderá nos trazer conseqüências muito negativas e o risco
de perder a própria memória.
O
convite a aprofundar a nossa fé, proposto pelo Santo Padre, pode nos
ajudar a levar adiante uma dimensão mais profunda da Nova Evangelização.
A realidade que nos circunda se tornou muito mais complexa, porque
podemos abordá-la individualmente, e o desafio original da nossa missão
de servir as almas e a Igreja continua e se desenvolver intensamente.
Esperamos
que os Congregados enfrentassem os novos desafios com a profundidade
que provém da nossa apropriação da devoção mariana, com a busca ao
resgate da espiritualidade inaciana e da análise séria do nosso tempo.
Vamos rezar, para que a reflexão sobre o Ano da Fé nas nossas Congregações Marianas nos ajude a renovar o nosso espírito e a nossa missão.
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