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Catolicismo questionável

Pe. Zezinho,scj


O casal questionou minha fala. Disse que eu não entendia de catequese e tirava a fé do povo. Os dois eram adeptos de anjos que voam ao redor do altar durante a missa, de velas do tamanho do crente, de repetições no número exato, porque senão não funciona, de imagens de São Miguel com espada luminosa na mão e de Nossa Senhora com uma espada. Falava de Armageddon e de batalha final; garantiu que o anticristo já está neste mundo e governando as nações; afirmava que o código de barra é coisa do demônio, que há doenças que o demônio joga nas pessoas para afastá-las de Deus. Mais ainda! Afirmava que, na comunhão, você recebe também o sangue de Maria, porque ela e Jesus têm o mesmo DNA. Eram adeptos das cerimônias de quebras de maldições por causa da árvore genealógica.

Sou de outra formação catequética e de outra mística. Tive outros professores nenhum deles condenado pela Santa Sé. Meu catolicismo vai em outra direção. Ela cometeu o erro de me perguntar quem era eu para me opor a uma devoção de milhões de católicos. Que autoridade eu tinha!

Lembrei-lhe que tinha sido ordenado por um bispo e aceito por meus superiores e inúmeros bispos. Nenhum deles me censurou por minha pregação. Além disso, dou aulas de comunicação católica há quase 30 anos. Se o padre preferido deles é fiel ao catecismo, eu também sou.

Disse mais: - "Eu é que pergunto quem são vocês" Estou aqui há 40 anos e vocês só apareceram agora; posso provar tudo o que digo no Catecismo da Igreja, no Concílio Vaticano II, os Documentos e Encíclicas dos Papas. Posso provar que a catequese e a teologia católica evoluem; que há práticas que não se assume mais diante das novas realidades da evangelização."

Citei doze ou quinze documentos atuais da Igreja, desfilando um após o outro, entre encíclicas e textos com aprovação do Vaticano. Perguntei se tinham lido. Não tinham. Usaram a autoridade de menos de três milhões de católicos, contra a prática de seguramente cento e vinte milhões apenas no Brasil, e de um bilhão e duzentos milhões de católicos no mundo que não seguem tais práticas.

Da parte de alguns católicos, houve um claro retorno as orações do século XII, do século XIII e até a vestimenta daquele tempo. Retornaram àquelas práticas e vestes como a dizer que a Igreja de hoje com suas práticas e vestes não tem o conteúdo e a força da Igreja de oito, nove ou doze séculos atrás. Alguns sacerdotes foram buscar essas orações lá longe no tempo, quando havia tantas a se orar aqui, agora.

Possuem tal direito? Aparentemente sim, porque, se seus bispos aceitam é porque entendem que eles têm esse direito. Mas també m eu tenho, como professor de comunicação e de catequese, o mesmo direito que eles, de lembrar que há práticas que um católico não é obrigado a seguir e das quais ele pode discordar em virtude dos documentos da Igreja de hoje.

Nunca me verão divulgando uma imagem de Nossa Senhora com a espada na mão e certamente não divulgaria imagens de São Miguel não com espada. Usaria uma outra, com a mão apontando na direção de Deus e perguntando quem é como Deus: Mi-ca-el. Entre orações que falam com demônio e orações que falam com Deus e pedem a Ele que nos livre do maligno e das malícias, eu prefiro a oração que fala com Deus.

Quanto à quebra de maldição, jamais faria, porque, não acredito que Deus se vingue até a quarta geração. O que foi dito no Antigo Testamento, valia lá; depois disso veio Jesus e vale o que Ele disse: - "Tende confiança, eu venci o mundo". E vale também o que disse São Paulo aos Filipenses, aos Gálatas e aos Colossenses a respeito do poder Salvador do sangue de Cristo, que pagou pelos nossos pecados antecipadamente e nos remiu com seu sangue; e salvou a todos de uma vez por todas ao morrer por todos. Não acredito que alguém tenha que pagar pelo seu bisavô ou tetravô por causa da árvore genealógica. Cada qual responde pelos próprios pecados e isto está no Catecismo da Igreja.

O casal deve ter achado que eu sou um padre estranho; mas poderiam ter se olhado no espelho e percebido que estranho são eles; estão pregando doutrinas alheias ao Catecismo e aos documentos da Igreja.

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