Fwd: Enc: Fwd: FW: DEDIM DE PROSA

Coutinho, Luiz R.
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É um texto longo, mas leia até o fim.Vale a pena!
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Dedim de prosa...
- Tardi, Dotô.
- Boa tarde. Sente-se.
- Careci não. Ficu di pé, memo.
- Sente-se para eu poder examinar.
- O Dotô é quem manda.
- Mas fale-me. O que está acontecendo?
- Ai, Dotô! Mi dá umas dor di veiz in quandu.
- Que dor?
- Forte?
- As veiz. Trasveiz é anssim ó, di mansinhu.
- E o que você faz?
- Tem veiz que eu cantu. Trasveiz eu vô pra cunzinha fazê um bolu.
- Tem outra dor?
- Tenhu, sim, Dotô. Aqui, ó. Pertu dus óio.
- E essa é forte?
- Também é forte não. Quandu ela dá eu cunversu cas vizinhas i passa.
- Outra?
- Tenho sim senhô. Aqui. Anssim, nu meio das custela, pareci nu
coração. Dá uns apertu aqui, ó.
- E você faz o que?
- Tem veiz qui eu choru. Trasveiz eu ficu anssim, muitu da queta pra
vê si passa.
- E passa?
- As veiz.. Trasveiz eu vô pra pracinha.. Lá eu sentu num bancu vê as
criança brincá prá esperá passá..
- Você mora com alguém?
- Moru não, Dotô. Sô sunzinha nessi mundão di Deus.
- Não tem família?
- Aqui tenhu não. Minha famia é todinha du interiô du sertão,
pertinhu de Urandi, lá quasi im Minas. I vim sunzinha pra Sum Paulu
tentá a vida.
- E você faz o que?
- Óia, Dotô. Eu já fiz um cadinhu di tudu nessa vida. Já trabaiei
numa firma di limpeza, já cuidei di criança. Já trabaiei numa casa di
genti rica.
Agora eu trabaio cuma mocinha qui mais viaja qui fica im casa. Ela
avua num avião di dia i di noiti. Aí eu ficu sunzinha..
- Você mora com ela?
- Moru sim, Dotô. Ela dexa eu drumi num quartinhu lá nus fundu da casa.
- Sabe cozinhar?
- Oxa si não! Cunzinhu muitu du bem! Coisa mais simpres anssim i
coisa mais di genti chiqui.
- Gosta de crianças?
- Ô, seu Dotô. É as criaturinha mais anjinha qui Deus botô nu mundu!
- Qual o seu nome mesmo?
- Óia, Dotô. Eu num gostu muitu, mas a modi agrada a santa, minha
mainha botô Crara.
- Dona Clara. Eu sei o que a senhora tem.
- Comu anssim, si o Dotô nem incostô im mim?
- O que a senhora tem Dona Clara, chama-se solidão e é a causadora de
toda essa tristeza.
- I issu mata, Dotô?
- Ás vezes, sim. Mas, no seu caso bastam amigos, alguns remédios e um
pouco de carinho..
Dona Clara. Vai parecer estranho e nem eu mesmo entendo porque estou
fazendo isso, mas minha esposa está grávida e nosso segundo filho é
para o mês que vem. Já temos uma menina. E até hoje é minha esposa que
cuida de tudo. Porém, com o bebê pequeno precisamos de alguém que
cuide da casa.
Que tal ficar conosco?
- Oxa si não! Óia, Dotô. Nunca fizeram issu pur mim não. Vixe! Vai sê
coisa muitu da boa ficá cum oceis. I careci di morá lá, Dotô?
- Sim. Temos um quarto vago, no apartamento. Podemos tentar por uns
meses.O que acha?
- Dotô. É anssim como tê famia, né?
- Quase.
- Dotô. Eu num vô mais sê sunzinha. Vixe! Deus lhi pague, Dotô, a
modi qui carinhu anssim, nem mainha mi dava.
- Vamos testar. Combinado?
- Cumbinadu. Dotô.. Careci di eu fazê uma pregunta.. Eu num vô mais
senti essas dor?
- Vamos combinar uma coisa? O dia que sentir essa dor você me procura.
- Prá modi du senhô mi inxaminá?
- Não. Prá modi nóis trocá dois dedinhu di prosa.
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* Mais de 400 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão.
* A maioria dos pacientes deprimidos que não é tratada irá tentar
suicídio pelo menos uma vez, e 17% deles conseguem se matar. Com o
tratamento correto, 70% a 90% dos pacientes recuperam-se da depressão.
* Aproximadamente 2/3 das pessoas com depressão não fazem tratamento
e dos pacientes que procuram o clínico geral apenas 50% são
diagnosticados corretamente.
* Segundo o último relatório da Organização Mundial de Saúde a
depressão é mais comum no sexo feminino, afetando de 15% a 20% das
mulheres e de 5% a 10% dos homens.

O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma
e tranquila.


Em silêncio. Sem dar conselhos.
Sem que digam: "Se eu fosse você..."

SE PRECISAR DE UM DEDIM DE PROSA ESTAREI AQUI PARA PROZEAR

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