Pastores convertidos - Mario Eugenio Saturno

Pastores convertidos


Mario Eugenio Saturno*


Viver na Argentina abriu-me os olhos para uma nova vivência na fé. Passei a vida toda no Brasil vendo a Igreja perder infiéis. Isso nos dá uma impressão nada boa da Igreja. Mas, agora, vi, pela primeira vez na vida, não só o contrário, mais do que isso, muitos pastores evangélicos e protestantes que encontraram a verdade e converteram-se católicos. E isso nos Estados Unidos, um país protestante e evangélico, mas que talvez já tenha mais católicos engajados que no Brasil.

Na Argentina, há o canal de televisão católico EWTV do México (Eternal Word Television Network), que retransmite muitos programas de sua matriz nos Estados Unidos. Ver o trabalho da Igreja Católica de lá alegra, alerta e inspira. (1) Alegria porque, enquanto perdemos pessoas que não entendem de cristianismo, lá ganhamos gente doutorada na matéria e que vêm atestar nossa Fé e nossa Igreja. (2) Alerta, e como Comunicação Social não é matéria de fé, fico muito à vontade para refletir sobre a qualidade da comunicação da Igreja no Brasil, do clero ao leigo. (3) Inspiração porque podemos ver que é possível fazer no Brasil o mesmo que lá.

Quando um católico abandona a Igreja e se vai para uma evangélica ou protestante, nada de mal lhe acontece, antes, passam até a elogiar, afinal tornou-se “religioso”, abandonou vícios, atitudes perigosas, insalubres ou violentas, estuda a Palavra de Deus. Não se pode dizer o mesmo de um evangélico que abandona sua crença: em geral, sofre rejeição, inclusive dos pais. E o que acontece com um pastor? Perdem tudo! Perdem a família, os amigos, sua posição social, sua fonte de renda. Tornar-se católico não é só uma matéria de fé. Deles exigiu-se muita coragem e determinação e uma capacidade imensa de amar.

São histórias fascinantes, como de Scott Hahn, Jeff Cavins e Kenneth Howell, pastores presbiterianos; Marcus Grodi, luterano de nascimento e pastor presbiteriano; Larry Lewis, pastor da Assembléia de Deus; Fernando Casanova, pastor pentecostal; Ned South, pastor anglicano e muitos outros.

Um grande Papa, como João Paulo II faz toda a diferença, claro, mas não é só isso. É preciso que todos tenham consciência de sua importância na pregação da Palavra. Em geral, os protestantes e evangélicos odeiam o que eles creem ser a Igreja Católica. Ideias falsas. Creem que adoramos os santos e a Virgem Maria, que acreditamos na salvação pelas obras e não pela graça, que não seguimos a Bíblia, que criamos ritos, etc.

Odeiam os católicos porque desconhecem e desconhecem porque nos calamos. Não paro de pensar nas palavras de São Paulo: como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas (Is 52,7)? Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo (Rom 10, 14-17).


(*) Mario Eugenio Saturno - é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva (SP) e congregado mariano.

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