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Cardeal Bertone: Terceiro segredo de Fátima está cumprido e também por se cumprir


Por Andrea Gagliarducci




Embora o terceiro segredo de Fátima se refira a acontecimentos do
passado, o seu convite à conversão é sempre atual e ainda está por se
cumprir, segundo assinala o Cardeal italiano Tarcisio Bertone,
Secretário de Estado Emérito.



Em uma entrevista exclusiva concedida à CNA – agência em inglês do Grupo ACI
–, o Cardeal Bertone falou sobre o terceiro segredo de Fátima, como foi
tomada a decisão de publicá-lo e compartilhou suas lembranças dos três
encontros que teve com a Irmã Lúcia, a única dos três pastorinhos que
viveu por mais tempo e que guardou o segredo até ser publicado pelo
Vaticano em 2000, a pedido do Papa João Paulo II.



O Purpurado disse que as aparições de Fátima “confirmam uma notícia
encorajadora. Que a Mãe do Filho de Deus Encarnado e nossa Mãe não
abandona a humanidade ao longo da história. Ela está presente e cuida da
humanidade como porta-voz e fiadora da Misericórdia de Deus. Ela é a
mediadora da salvação”.



O Cardeal Bertone explicou que em seu caminho a Portugal para a Viagem Apostólica de 2010, Bento XVI
destacou que além da grande visão do terceiro segredo de Fátima sobre o
sofrimento do Pontífice, referindo-se ao Papa João Paulo II, há uma
indicação das realidades que envolvem o futuro da Igreja, que gradativamente vão tendo forma e se tornam evidentes.



Isso significa, acrescentou, que “a visão implica a necessidade de uma
paixão da Igreja, que naturalmente se reflete na pessoa do Papa. Além
disso, o Papa representa a Igreja e, deste modo, são anunciados os
sofrimentos da Igreja. O Senhor nos disse que a Igreja estaria sofrendo
constantemente, de diferentes maneiras, até o fim do mundo”.



Um dos primeiros colaboradores de Bento XVI e, entre estes, quem
contribuiu na interpretação teológica do Terceiro Segredo foi o Cardeal
Bertone, que explicou à CNA que o comentário teológico divulgado pelo
Cardeal Ratzinger, junto com o segredo em 2000, sublinhou que “na visão
podemos reconhecer o século passado como um século de mártires, um
século de sofrimento e perseguição à Igreja, um século de guerras
mundiais e muitas guerras locais durante os últimos cinquenta anos e
provocaram crueldades sem precedentes”. “No ‘espelho’ desta visão vemos
passar diante de nós testemunhos da fé década por década”, acrescentou.

“Em certo sentido, ele (o Cardeal Ratzinger) disse que os eventos
descritos no terceiro segredo já aconteceram. Ao mesmo tempo, o coração
do apelo de Fátima é a conversão. Ou seja, a conversão dos fiéis e o
caminho da Igreja à fidelidade. A Irmã Lúcia realmente se preocupava por
cumprir o que ela chamava ‘o mandamento de Maria’. Assim como existe o
mandamento do Senhor Jesus: ‘Amai-vos como Eu vos amei’, existe o
mandamento Maria: ‘Fazei o que ele vos disser’”.



O Cardeal Bertone contou que a decisão de divulgar o terceiro segredo de
Fátima foi feita a fim de evitar a “interpretação apocalíptica” que se
estendia cada vez mais para o fim do milênio.



O Purpurao italiano, de 82 anos, disse que “a decisão foi tomada
diretamente por São João Paulo II, depois de uma reunião da qual
participou o Cardeal Joseph Ratzinger
(então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé); o Cardeal Angelo
Sodano (então Secretário de Estado), eu, o então Dom Giovanni Battista
Re, então substituto da Secretaria de Estado; e o então Dom Stanislaw
Dziwisz, que era o secretário pessoal do Papa”.



São João Paulo II encomendou ao Cardeal Bertone, Secretário da
Congregação para a Doutrina da Fé, que se reunisse com a Irmã Lúcia e
lhe perguntasse se o texto do segredo procurado pela Congregação onde
serviu era autêntico.



O Cardeal Bertone se reuniu com a Irmã Lúcia três vezes quando era
Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé. As reuniões aconteceram
nos dias 27 de abril de 2000, 17 de novembro de 2001 e 9 de dezembro de
2003.



O Cardeal Bertone disse à CNA que a Irmã Lúcia foi “uma pessoa
brilhante, muito agradável, serena, pacífica e tranquila. Era uma pessoa
de confiança que teve que guardar um grande segredo e foi chamada para
comunicar mensagens importantes à humanidade”.



O Cardeal também compartilhou detalhes sobre seu último encontro com a
Irmã Lúcia. Disse que um dos temas principais da sua última conversa foi
sobre a reunião que a religiosa teve no dia 11 de julho de 1977 com o
Cardeal Albino Luciani, então Patriarca de Veneza.



O Cardeal Luciani, foi eleito Papa João Paulo I em 26 de agosto 1978 e
seu pontificado durou apenas 33 dias. Muitos relatórios afirmaram que o
Cardeal Luciani ficou surpreso pela reunião que teve com a Irmã Lúcia,
pois supostamente havia previsto a sua eleição como pontífice e a
brevidade do seu pontificado.



De fato, o Cardeal Luciani havia escrito um relatório da sua reunião com
a religiosa e este relatório estava com o Cardeal Bertone, em uma
tradução ao português que a Irmã Lúcia havia pedido.



O Cardeal Bertone contou: “Ela leu cuidadosamente o relatório e, em
seguida, confirmou cada palavra e assinou no final. Então, fiz uma
pergunta precisa: ‘Você previu a eleição do Cardeal Luciani como Papa?’.
Ela respondeu com as mesmas palavras: ‘Eu não lembro se eu disse que
seria eleito Papa. Disse à minha comunidade religiosa que havia
conhecido um bom Cardeal, um Santo Cardeal, e que se tivesse sido eleito
Papa, seria um bom Papa’”.



O Cardeal Bertone acrescentou que, durante a reunião, o Cardeal Luciani e
a Irmã Lúcia falaram sobre o declínio da fé na Igreja e outros
problemas gerais eclesiais.



O então Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé também recordou
que a Irmã Lúcia disse que a Virgem estava satisfeita com a consagração
da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.



Tanto Pio XII como São João Paulo II consagraram a Rússia ao Imaculado
Coração de Maria, embora não houvesse nenhuma menção explícita da
própria Rússia, um detalhe que causou muita insistência em que, de fato,
não houve nenhuma consagração.



O Cardeal Bertone sublinhou que a decisão de não mencionar diretamente a
Rússia foi feita “por razões ecumênicas” e por “respeito à Igreja
Ortodoxa Russa”, mas também sublinhou que as referências a esta são
muito claras. Especialmente, recorda a Carta Apostólica de Pio XII, Sacro Vergente Anno, que menciona claramente sobre a “consagração do povo da Rússia”.





fonte: ACI-digital

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