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A mídia, o Papa e a pedofilia - Everth Queiroz Oliveira

A mídia, o Papa e a pedofilia

Everth Queiroz Oliveira | 28/03/2010 at 17:21 |

Depois de uma Quaresma conturbada pela descoberta de antigos casos de pedofilia no clero alemão e também pela publicação de uma carta pastoral do Santo Padre aos fiéis da Irlanda sobre o doloroso tema dos abusos sexuais, a Igreja entra na Semana Santa e contempla não só a Paixão de Nosso Senhor e as dores de Maria, mas também – e principalmente – a paixão do Papa Bento XVI. Os ataques contra sua Santidade sempre aconteceram, mas, nos últimos meses, aumentaram de uma maneira insuportável. A mídia não quer mais enfatizar os casos de abusos sexuais nem a necessidade de se oferecer assistências às famílias das vítimas nem a importância de se punir os culpados por esses crimes que clamam ao céu por vingança; os meios de comunicação focalizam o papa.

Faz sentido, afinal o Papa é o representante máximo da Igreja Católica. Mas, todo o alvoroço que é feito na figura do Sumo Pontífice é realmente exagerado. Os jornais chegam a pagar para quem desejar difamar Bento XVI! Querem porque querem envolver o Papa nos casos de abusos sexuais, mesmo que sua Santidade aja com rigor e severidade diante de todas essas abominações infelizmente presentes no clero católico. Em recente carta dirigida aos irlandeses, o Papa dedicou palavras especiais aos padres que abusaram sexualmente de crianças e jovens:

Traístes a confiança que os jovens inocentes e os seus pais tinham em vós. Por isto deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas ações. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.”

- Carta pastoral aos católicos na Irlanda, n. 7

O Papa sempre condenou veementemente a pedofilia presente no clero. Nessa carta, em especial, proferiu palavras duras contra os sacerdotes que mancharam a aliança com a justiça e a caridade... Mas, qual é a reação da mídia secular? Segundo eles, a carta foi lamentável, insuficiente. E mesmo quando mostramos aos anti-clericais provas claríssimas da forte atuação da Igreja frente aos horrendos casos de pedofilia, mesmo quando demonstramos que “[o] Papa não é um observador ocioso” e que “[a]s suas ações falam tanto quanto as suas palavras”, de nada vale, afinal, os difamadores da Santa Sé não estão em busca da verdade; o que eles querem é pretextos para falar mal da religião, de Cristo, da Igreja... do Papa.

Vincent Nichols, arcebispo de Westminster, na Inglaterra, publicou um ótimo artigo no site da sua arquidiocese. Ele saiu no jornal oficial do Vaticano, o L’Osservatore Romano, e foi traduzido e publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos. No texto, o bispo inglês ressaltou que “[q]uando ele [Bento XVI] estava na liderança da Congregação para a Doutrina da Fé, ele introduziu importantes mudanças no direito da Igreja: a inclusão no direito canônico dos crimes contra as crianças cometidos por meio da Internet, a extensão dos crimes de abuso sobre crianças chegando a incluir o abuso sexual de todos os menores de 18 anos, a renúncia caso por caso da prescrição e a elaboração de um sistema de rápida remoção do estad o clerical dos acusados.” Mas a mídia secular se importa com tudo isso? Não. Podem sair mil notícias falando bem do Papa e apenas uma difamando a sua imagem; os meios de comunicação preferem publicar a notícia ruim, porque o compromisso da imprensa não é com a verdade, mas com o laicismo e o secularismo ateu.

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Charge publicada no jornal Folha de S. Paulo na última semana. A imagem rendeu críticas da CNBB, que considerou a “piada” ofensiva e desrespeitosa: “O papa, ao reconhecer publicamente os erros de membros da igreja e ao pedir perdão por essa prática, que, sem dúvida, maculou a imagem da própria igreja, não merecia esse tratamento.”
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Um bom exemplo dessa realidade é o infame jornal New York Times, dos Estados Unidos. Recentemente, o jornal norte-americano “ressuscitou” um caso “enterrado” há anos pela justiça civil e pela justiça eclesiástica. Mas, para quê? Certamente não foi para agir em defesa das vítimas dos casos de pedofilia, nem mesmo para se indignar diante da repugnante atitude dos que traíram a fé da Igreja. Em artigo publicado na Agência Zenit contestando as especulações do NYT, o sociólogo Massimo Intovigne questionou:

“De quantas destas ‘descobertas’ ainda temos necessidade para perceber que o ataque contra o Papa não tem nada a ver com a defesa das vítimas dos casos de pedofilia – certamente graves, inaceitáveis e criminais, como Bento XVI recordou com tanta severidade –, mas que tenta desacreditar um pontífice e uma Igreja que incomodam os lobbies pela sua eficaz ação de defesa da vida e da família?”

- Lobby laicista contra o Papa, 25/03/10

O sociólogo italiano ainda observou que o texto do New York Times foi publicado especialmente “[p]ara desonrar a pessoa do Santo Padre”. Destacou que eles desenterraram “um episódio de 35 anos atrás, conhecido e discutido pela imprensa local na década de 70, cuja gestão (...) por parte da Congregação para a Doutrina da Fé foi canônica e impecável, e muito mais severa que a das autoridades estatais americanas”.

Porém, para que se importar? Qualquer idiotice proferida contra a Igreja Católica se torna verdade, porque o método de observação e investigação que pedem os laicistas só serve quando é para favorecer os seus interesses. Não importa se o Papa condena a pedofilia, se ele age rigorosamente contra a impiedade de membros do clero... Para a imprensa, nada disso importa. Importa que eles promovam uma campanha contra a Igreja. A mídia quer mais é tirar a credibilidade da Igreja e do Papa, que trabalham pela manutenção das instituições “burguesas”, como a família e a religião.

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Fiéis marcam presença na Missa do Domingo de Ramos presidida pelo Sumo Pontífice Bento XVI. “Coragem, Papa! Estamos com você!” Nesse momento difícil que vive a Igreja, o apoio dos católicos ao sucessor de Pedro é importantíssimo.

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E o que os católicos devem fazer diante de tantas difamações?

O Senhor pede a nossa confiança. Ele mesmo prometeu à Igreja que contra ela as portas do inferno não prevaleceriam (cf. Mt 16, 18). Prometeu também que a autoridade do sucessor de Pedro de apascentar o Seu rebanho não seria derrotada. Confiemos. A Igreja já enfrentou situações muito difíceis. Diante da perseguição do Império Romano, resistiu; diante da ameaça do cientificismo e do protestantismo, permaneceu de pé; diante dos genocídios dos revolucionários franceses e dos comunistas, não cedeu. A promessa de Nosso Senhor Jesus Cristo ainda está presente em nossos corações.

Além disso, é preciso que oremos pelo Santo Papa. É verdade que as portas do inferno non praevalebunt. Mas a luta é constante e a nossa ação, como cristãos, é fundamental. Lembremo-nos das palavras de Jesus: “Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. (...) Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.” (Jo 15, 20.23) Incentivemos e apoiemos o Papa, expressando adesão às suas palavras e imitando o seu comportamento tão corajoso e caridoso frente às tempestades que abalam a Igreja no século XXI.

Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!

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