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Dimensão solidária e as diferenças entre lucro e partilha em um contexto aplicado à Pastoral do Dízimo



Dimensão solidária e as diferenças entre lucro e partilha em um contexto aplicado à Pastoral do Dízimo


Em 2018 o Vaticano publicou o documento “Oeconomicae et pecuniariae
quaestiones”, aprovado pelo Papa Francisco. O texto traz grande
contribuição “para um discernimento ético sobre alguns aspectos do atual
sistema econômico-financeiro”. Não fala nada sobre Dízimo, mas há
elementos muito significativos que podemos trazer para uma saudável
reflexão pastoral. Tais elementos se concentram em valores como
comunhão, partilha, solidariedade.





Em “Oeconomicae et pecuniariae quaestiones”, a Igreja nos diz
claramente que “lucro e a solidariedade não são mais antagonistas” e que
o “o dinheiro é por si mesmo um instrumento bom, como muitas coisas de
que o homem dispõe: é um meio à disposição da sua liberdade e serve para
alargar as suas possibilidades”. Há um quebra de paradigmas e
preconceitos na citação acima. Chamamos isso de comunicação positiva com
relação ao dinheiro, para refletir sobre a partilha. A perspectiva é
tratar a dimensão financeira não como um pecado a ser combatido, mas
como um dom a ser compartilhado. Há algo maior que o lucro, que é a
partilha. Bom é lucrar. Melhor é partilhar. E no dízimo praticamos esta
dimensão da fé.





Sem a partilha eu não sou pleno. Que graça há em lucrar e não ter
familiares e amigos, por exemplo, para disfrutar os benefícios materiais
que o dinheiro pode nos proporcionar? Uma vida com muito lucro e sem
partilha é uma vida sonsa, fria, sem graça.

O cristão católico que compreender este ensinamento, certamente terá
uma abertura gratuita e despretensiosa com relação ao Dízimo. Nós,
católicos, ainda temos uma dificuldade cultural com o dízimo, pois,
muitas vezes, calculamos o benefício retornável. Isso não é partilha.
Ainda é troca.


Desafiador é formar cristãos com a mentalidade nos pilares de
comunhão, partilha, solidariedade, sendo que vivemos no sistema que
privilegia a métrica da meritocracia, excluindo quem não tem condições
de empreender e emergir.

Se queremos uma sociedade sustentável, com a devida justiça social
oriunda da distribuição de renda, é hora de começar fazer o papel de
casa e apoderar os cristãos católicos a empreenderem, a percorrer suas
metas e atingir seus legítimos objetivos no mercado financeiro, mas
sempre com a premissa de que “o amor ao bem integral, inseparavelmente
do amor pela verdade, é a chave de um autêntico desenvolvimento”.
Repito: Bom é lucrar. Melhor é partilhar.


Everton Barbosa é Jornalista, Escritor e
Palestrante. Especialista em Teologia Bíblica pela PUC/PR é Assessor de
Imprensa da Arquidiocese de Maringá/PR. Autor do livro “Ide e Anunciai
sem Medo – como falar em público”, editora Canção Nova.
Contato: evertonzini@uol.com.br


fonte:  Catholicus

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