Pular para o conteúdo principal

Comungar e depois se confessar?

É como vestir-se e depois tomar banho...



Pergunta

Há pouco tempo, vivi uma situação na qual estava esperando para me confessar, e o padre, que tinha de celebrar a missa, nos pediu que fizéssemos um ato de contrição pelos pecados, recebêssemos a comunhão e depois nos confessássemos. Eu gostaria de saber se isso é lícito ou correto, porque é preciso estar em graça para comungar.
 

Resposta

Um preceito divino nos diz que não se pode comungar em estado de pecado mortal.

A Igreja, para cuidar da dignidade do sacramento da Eucaristia e da alma dos fiéis, impôs um preceito no Concílio de Trento: que ninguém comungue tendo consciência de haver cometido um pecado mortal,por mais contrito que estiver; é preciso confessar-se antes. Então,também há um preceito eclesiástico.

Mas há exceções? Sim, porque os preceitos eclesiásticos não obrigam quando existe uma dificuldade grave, séria e/ou excepcional.


O preceito eclesiástico pode admitir uma exceção quando houver um motivo grave e a pessoa não tiver tempo ou oportunidade de se confessar (quando está, por exemplo, em perigo de morte).

Neste caso, o fiel é obrigado a fazer um ato de contrição perfeita, que inclui o propósito de confessar-se o mais rápido possível. Outra exceção é o caso de alguma dificuldade grave, como, por exemplo, uma séria necessidade de comungar.


Mas é preciso levar em consideração que quase nunca há obrigação de comungar. Só é obrigatório comungar uma vez ao ano, na Páscoa.


Ou seja, se uma pessoa tem absoluta obrigação de comungar e não pode se confessar antes, pode fazer um ato de perfeita contrição e comungar, mas de maneira gravemente excepcional, e com a obrigação de se confessar posteriormente.


Obviamente, sem uma necessidade real, e uma dificuldade grave também real, seria um grave abuso descumprir este preceito da Igreja, cuja finalidade não é impedir as pessoas de comungar, mas incentivar a fazê-lo dignamente, evitando todo perigo de sacrilégio.


Algumas pessoas podem afirmar: "Mas um padre me disse que eu poderia comungar…". Mas será que um sacerdote pode eximir a pessoa do cumprimento da lei divina segundo a qual não se pode comungar em estado de pecado mortal?

A resposta é não, porque o padre não tem potestade sobre a lei divina. Se ele disser isso, estará errado.


 Há coisas sobre as quais um padre tem poder, e outras não. Se um sacerdote autoriza a pessoa a fazer algo sobre o qual ele não tem potestade, a autorização é absolutamente inválida.
Além disso, um mau conselho não é desculpa para poder pecar. Portanto, não perca tempo buscando consensos para comungar: estar ou não em condições de comungar não depende do padre que estiver na sua frente.

Dizer a um fiel: "Comungue, que depois eu confesso você" (salvo em casos excepcionais de necessidade grave de comungar) é um absurdo; seria como dizer: "Cometa um sacrilégio, que depois eu confesso você".

Se é possível evitar um sacrilégio, por que não evitá-lo? O melhor é não cometer sacrilégios.

Outra coisa é ter apenas pecados veniais: estes não impedem a comunhão. Mas, quanto antes a pessoa se confessar, melhor.

Jesus disse: "Tomai e comei", mas, para responder a este convite, precisamos nos preparar, pois é um momento grande e santo.


São Paulo convida a fazer um exame de consciência: "Todo  aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem
distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação" ( 1Cor 11,27-29).

Quem tem consciência de estar em pecado grave, deve receber o sacramento da Reconciliação antes de comungar (Catecismo da Igreja Católica, 1385).

Neste caso concreto exposto na pergunta, a pessoa que estava na fila para se confessar e não  conseguiu fazê-lo antes da missa, poderia esperar a missa acabar para se confessar, e depois pedir ao padre que lhe desse a comunhão, ou comungar na próxima missa.









fonte: Comungar e depois se confessar?







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

25 de março - fundação da primeira Congregação Mariana no mundo.

25 de março - solenidade da Anunciação do Senhor (Nossa Senhora da Anunciação) fundação da primeira Congregação Mariana no mundo Roma, 1563. "Roma e o Colégio Romano estavam fadados para o berço da primeira Congregação própriamente Mariana, cuja fundação Deus reservara a um jesuíta belga: o pe. Leunis. Em 1563 reunia este Padre, no princípio semanalmente, depois cada dia, aos pés de Nossa Senhora, os seus discípulos e muitos que não o eram, orando todos à Ssma. Virgem, e ouvindo a seguir uma breve leitura espiritual. Nos Domingos e Festas cantavam-se ainda as Vésperas solenes. Um ano depois, em 1564 eram já setenta os congregados e davam-se as primeiras Regras, cujo teor em resumo era: Fim primário: progresso na sólida piedade e no cumprimento dos próprios deveres, sob a proteção e com a ajuda da Virgem Ssma. Meios: confissão semanal, ouvir Missa cada dia, rezar o Rosário, e fazer outras orações do Manual. Nos dias de aula, depois desta, um quarto de hora de meditação, e ou

Porque chamamos as pessoas de "senhor" ou "senhora"?

Rodrigo Lavôr No Rio, quando você chama alguém de "senhor" ou "senhora" é comum que as pessoas te respondam: "deixa de ser formal. O Senhor ou a Senhora estão no Céu!". Trate-me de "você"! Bem, não deixa de ser bonito, dado que "você" é abreviação de "vossa mercê". Porém, por desconhecimento da raiz latina da palavra "senhor", perdemos muitas vezes a oportunidade de receber um grande elogio. "Senhor" vem de "dominus, i", o que significa: senhor, dono. Antigamente, se dizia "senhor" e "senhora" a toda pessoa a qual se desejava dizer: "você é dono (a) de si mesmo (a)", ou seja, você é uma pessoa madura, que tem "self mastery" ou uma pessoa muito virtuosa porque tem areté (= virtude, no grego). Sendo assim, não percamos a oportunidade de deixar que nos chamem "senhores de nós mesmos" quando acharmos que as coisas, de fato, são assim. Não tem nada a