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O mártir, segundo o Papa Francisco



Mario Eugenio Saturno*

Em 2 de fevereiro último, o Papa rezou uma missa com a intenção pelos “mártires de hoje”, ou seja, os cristãos perseguidos e na prisão, pelas Igrejas sem liberdade, com um pensamento particular pelas mais pequenas. Para o Papa, uma Igreja sem mártires é uma Igreja sem Jesus, e são precisamente os mártires que apoiam e levam adiante a Igreja. E mesmo que os meios de comunicação não considerem notícia hoje, muitos cristãos no mundo são bem-aventurados porque são perseguidos, insultados, encarcerados só por usar uma cruz ou por confessar Jesus Cristo. Portanto, quando nos lamentamos por nos faltar algo, deveríamos pensar nestes irmãos e irmãs que, em número maior do que nos primeiros séculos, sofrem o martírio.

Cabe uma nota, mártir é uma palavra grega que significa testemunha, mas que foi introduzida em muitas línguas com um significado bastante específico: pessoa que sofreu tormentos, torturas ou a morte por sustentar a fé cristã. Em tempos modernos, mártir também é a pessoa que sofre tormentos ou a morte por uma causa, não necessariamente cristã.

Em sua meditação, o Pontífice recordou a carta aos Hebreus: chamai à memória os vossos antepassados, chamai à memória os primeiros dias da vossa vocação, recordai-vos, chamai à memória toda a história do povo do Senhor. Tudo isto para ajudar a tornar mais firme a nossa esperança, recordar melhor para esperar melhor; sem memória não há esperança.

A memória das coisas que o Senhor realizou entre nós, dá-nos a força para ir em frente. Em Hebreus 11, há a memória da docilidade de muitas pessoas, começando pelo nosso pai Abraão que saiu da sua terra sem saber para onde ia. Depois, a carta fala de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, David, muitos que realizaram grandes ações na história de Israel. Esta é a memória dos nossos heróis do povo de Deus.
Na carta ainda se lê que outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões, foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada, andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados; homens de que o mundo não era digno. E a Igreja é este povo de Deus que é pecador mas dócil, que faz grandes coisas e também dá testemunho de Jesus Cristo até o martírio.

O Papa citou os testemunhos do sacerdote Ernest Simoni e da religiosa irmã Maria Kaleta em Tirana, quando o governo comunista da Albânia os colocou por anos e anos de prisão, trabalhos forçados, humilhações... Os direitos humanos não existiram para eles. Como sabemos, os cristãos resistiram a o sonho da Albânia ateia acabou junto com o comunismo.

Nesse espírito, o Papa Francisco convida a rezar pelos nossos mártires que sofrem tanto, por aqueles que estiveram e que estão na prisão, por aquelas Igrejas que não são livres de se expressar, são elas o nosso apoio, a nossa esperança. Nos primeiros séculos da Igreja um antigo escritor dizia: “o sangue dos cristãos, o sangue dos mártires, é semente dos cristãos, com o seu martírio, testemunho, sofrimento, oferecendo a própria vida, semeiam cristãos para o futuro e para todas as outras Igrejas”.



(*) Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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