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CM Feminina: uma tradição perdida e preciosa

Por Juliana Fragetti Ribeiro Lima, Aspirante da CM Sede da Sabedoria

Eu acho engraçado. As pessoas, ao verem que estou com a fita azul, chegam e falam: “você foi ser Filha de Maria (fazendo referência à Pia União)??”. Não passa na cabeça das pessoas – muitas delas até bem instruídas religiosamente falando – que a CM feminina é um século mais antiga do que a Pia União. Muitos acham que CM é somente para homens e se você é mulher, seu lugar é a Pia União. Nem sempre, nem sempre. Aliás, muitas grandes santas que conhecemos foram… Congregadas Marianas! Santa Teresinha (Lisieux), Santa Rosa de Lima, Santa Bernardete, só pra ficar em três (tem muito mais!!), foram Congregadas.
Por isso, eu quero nesse texto, mostrar alguns dados históricos a respeito das CCMM femininas. Que elas tinham seu lugar e eram muito valiosas. Algumas coisas, quando paramos para pensar no sentido delas, eclesial e teologicamente, vemos a riqueza que temos e que estamos deixando de lado. Vamos então deixar de delongas.
“Em 1948, existiam no mundo cerca de 80.000 grupos ou centros agregados à Prima Primária; isso quer dizer que o número de pessoas deveria ser multiplicado por 50 ou mais. Deste número, uma grande maioria era MULHERES e apenas 5% dos grupos estavam constituídos em torno a obras apostólicas dos Jesuítas; o resto encontrava-se sob a jurisdição dos bispos, através de paróquias urbanas ou rurais”
Fonte: História das Congregações Marianas no Brasil, Pe. Pedro Américo Maia, SJ, p. 47 [maiúsculas e destaques meus]
Veja, meu amigo e minha amiga, que em 1948, segundo o autor desse livro, a maioria dos Congregados no mundo eram… mulheres! E 95% das CCMM estavam em paróquias, submetidas aos bispos. Ou seja, a CM feminina era algo estabelecido e normal. Até porque, ela remonta a 1751. Sim! Quando o papa Bento XIV, no Breve Quo Tibi, autorizou agregarem à Prima Primária romana Congregações de moças e senhoras e mesmo mistas, segundo as palavras do Sumo Pontífice:
“… te concedemos e outorgamos a faculdade, extensiva a seus sucessores, de que possas absolutamente tu e qualquer de teus sucessores, agregar, fazer e permitir agregar não somente a tantas vezes mencionada Congregação da Penitência, ereta, como se expõe, no Templo da Casa Professa de Palermo, senão todas e cada uma das Congregações, Irmandades e Sodalícios, tanto de homens como de mulheres, ou de ambos os sexos, canônicamente eretos ou erigíveis já nas casa, já nas Igrejas da Companhia de Jesus em todo o mundo, à já mencionada Prima Primária”
Dai em diante, as CCMM femininas passaram a ser uma realidade. Na Áustria, por ex., tinha uma CM no palácio da Imperatriz para as mulheres da nobreza, no séc. XIX Já em Paris, no século XVIII, tinha uma de mendigos. Mas as especializadas em geral ficam pra outro dia. Mas a partir de 1751, século XVIII portanto, a CM passa a poder ser de mulheres também. E dai ser mais que normal o relato que lemos do Pe. Pedro Américo em relação a 1948.
Insígnias antigas da CM
Veja, leitor, que falamos de algo que tem muito mais de dois séculos! Quando apareceu a Pia União, já existiam por todo lugar Congregações Marianas de moças ou senhoras. Por isso as santas a que nos referimos eram Congregadas.
No Brasil, a primeira CM feminina que temos relato, remonta a 1920 em São Paulo. Existiam então várias CCMM femininas: Salvador, Pprto Alegre, Rio de Janeiro etc., tanto que foi constituída uma federação somente de CCMM femininas no Brasil. Tendo em consideração que as CCMM foram florescer mesmo no Brasil após o fim do século XIX e começo do século XX, depois do retorno da ordem dos Jesuítas.
Haviam muitas CCMM colegiais (meninos ou meninas: tenha em mente que os colégios não eram mistos). Nesse meio tempo (entre o começo do século XX e 1970 mais ou menos, quando se sufocou as CCMM femininas e todas ficaram mistas), houveram vários congressos nacionais exclusivamente de CCMM femininas.
Estamos, então, diante de uma realidade: a CM feminina existia, era florescente (a ponto do autor dizer que em 1948 a maioria dos membros das CCMM no mundo eram mulheres) e muito, mas muito tradicional. Depois de 1970, quando se fez uma série de mudanças (sabemos que no calor daqueles dias se fez muita coisa infeliz: disseram que o véu tinha sido proibido, entre tantas bobeiras), as CCMM femininas foram sufocadas, sumiram. E as congregadas foram buscar refúgio em outras que as tiveram de acolher e ficarem mistas “na marra”, hehe.

De modo que creio que o título revela bem o que penso: a CM Feminina é uma tradição católica lindíssima, preciosa e que deveria ser retomada. Poderíamos tentar buscar nos nossos párocos, bispos etc um apoio para retornar a essa tradição católica tão linda e que foi miseravelmente sufocada naqueles dias turbulentos do pós-concílio, onde tudo e qualquer coisa que remetia à Tradição da Igreja foi massacrado, inclusive a missa tridentina, o véu. A CM feminina também não escapou desse massacre. Ela espera mulheres como nós para ressurgir e voltar aos seus dias de glória. Vamos encarar esse combate, ad majorem Dei gloriam?

Comentários

Ana Carolina disse…
Salve Maria!
Como poderia resgatar esta belissima Congregação? Sou fascinada pela CM e gostaria muito de fazer parte dela.
Obrigado!
Salve!
Ana Carolina, você deseja ingressar em uma Congregação Mariana?
Aonde mora?

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