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Por que Santa Sé apoia direito à reagrupação familiar

Por que Santa Sé apoia direito à reagrupação familiar

Dom Marchetto discute a visão eclesial sobre a imigração

Por Patricia Navas

ROMA, sexta-feira, 21 de maio de 2010 (ZENIT.org). - A Igreja Católica apoia as reagrupações familiares legais dos imigrantes, lembrou no sábado passado em Roma o secretário do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Dom Agostino Marchetto.

O arcebispo deu uma conferência intitulada "Família imigrante: a visão eclesial", no encontro do Fórum das Associações Familiares Italianas, celebrado na capital italiana por ocasião do Dia Internacional da Família.

"O Direito internacional deve ter por objeto a tutela da unidade familiar e combater o fenômeno cada vez mais difundido das uniões de fato (uniões familiares irregulares), devido principalmente às dificuldades encontradas para atender os requisitos para reunificação legal e o longo processo burocrático associado à sua concessão", declarou.

Lembrou também que Bento XVI pediu por uma "política de imigração capaz de conciliar os interesses próprios do país de acolhida e o necessário desenvolvimento dos menos favorecidos".

E indicou ser "particularmente alentador o convite do Santo Padre a ratificar os ‘instrumentos internacionais propostos para defender os direitos dos imigrantes, dos refugiados e de suas famílias', a partir da Convenção Internacional para a proteção dos direitos dos trabalhadores imigrantes e os membros de suas famílias, em vigor desde 1º de julho de 2003".

Para a Igreja, as relações familiares beneficiam a pessoa e a sociedade em seu conjunto e por isso devem ser promovidas em todos os âmbitos, contra a visão individualista que progressivamente se impõe.

Neste sentido, Dom Marchetto alertou que, "especialmente nas sociedades nas quais a imigração é mais relevante, a função do núcleo familiar perde lugar para o indivíduo em sua capacidade produtiva".

"Emergem, assim, relações bastante funcionais e anônimas, tanto no ambiente de trabalho como na vida cotidiana, em detrimento da família", constatou.

Ainda mais dramático é o caso das pessoas "que acabam vítimas do tráfico de seres humanos e da prostituição", assinalou, citando a Mensagem de Bento XVI para o 93º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2007, cujo tema era "A família migrante".

Dom Marchetto lembrou ainda o convite do Papa Pio XII, retomado também por Bento XVI, de "ver a Sagrada Família de Nazaré no exílio como modelo e exemplo de todos os imigrantes e peregrinos".

"No drama de José, Maria e do Menino Jesus, a história reconhece a dolorosa experiência daqueles em trânsito, de todos os tempos: migrantes, refugiados, exilados, deslocados, expulsos, perseguidos", disse.

"Representam, ao mesmo tempo, memória e profecia - explicou: memória da advertência bíblica de que nenhum homem tem residência estável nesta terra; profecia que interrompe as noites de egoísmo e força as auroras da solidariedade, anunciando a Boa Nova de que a terra é do homem."

Concepção negativa

"Hoje, sem dúvida, é doloroso para nós constatar: a compreensão e a simpatia para com os imigrantes e refugiados diminui, o que é demonstrado pelas ações tomadas com o intuito de tornar mais difícil a vida daqueles que buscam asilo", denunciou.

"Muitas vezes, os refugiados são descritos de modo negativo e vistos quase como uma ameaça ou doença política, sem considerar, por outro lado, seus valores e a potencial contribuição que podem oferecer."

"A falta de uma legislação internacional que imponha deveres aos países de acolhida torna ainda mais difícil a situação daqueles que são perseguidos em seu próprio país", acrescentou.

Advertiu ainda que "aumenta o tráfico de seres humanos (...), de modo que se faz necessário estabelecer oportunidades mais amplas para a imigração ilegal" - algo que, segundo ele, oferece oportunidades de "suprir com mão-de-obra as economias dos países que assistem ao envelhecimento de suas populações".

Um dia promovido pela ONU

O Dia Internacional da Família foi convocado pela primeira vez pela ONU em 1994, que dedicou o dia 15 de maio à família, "núcleo natural e fundamental da sociedade".

O tema proposto pela ONU para a edição deste ano de 2010 foi "O impacto das migrações sobre as famílias no mundo".

O fórum de associações familiares da Itália assumiu este tema, destacando que "a família pode ser sujeito de mediação intercultural e veículo de integração".

O evento de sábado, cujo tema foi "Família em cores: o futuro da Itália é intercultural", destacou a interculturalidade como valor, e a dimensão familiar como lugar privilegiado de encontro pacífico.

Além de Dom Marchetto, discursaram ainda outras personalidades da Itália, como o Ministro do Trabalho e Políticas Sociais, Maurizio Sacconi; a presidente da Comissão das Câmaras para a Infância, Alessandra Mussolini; e o diretor da Famiglia Cristiana, Antonio Sciortino.

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